Art. 5°, IV: é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato. CF/88

3 de agosto de 2013

27.07.2013, Pedra Azul - MG



É aquele momento que a gente sabe que esteja onde estivermos o outro está atrelado a nós.
Não é mais possível sorrir, sem que você seja parte do sorriso sincero que transmito.
Estar em algum lugar sem você é a certeza de que os pensamentos fogem, para te encontrar.
É acordar dia após dia, com sua voz ecoando por todos os cantos, me chamando pra voltar pro seu abraço.
É te imaginar comigo sempre, onde quer que esteja, e saber que seu abraço carinhoso (mesmo quando eu peço: me aperta!) faz falta em minha rotina. De segundas a domingos o cardápio é sempre o mesmo, o prato principal e mais esperado da noite: amar você.
Incrível imaginar, quanto tempo vivemos por aí sem saber que nossos destinos já calculavam milimetricamente o nosso encontro. Na hora exata. Segundos, milésimos contados.
Ficar longe é me fazer constatar que a distância e o tempo só aumentam o anseio por sua presença, por nosso encontro.
Caminho pelas ruas daqui, e em cada canto algo me traz você, de alguma forma, e aí sorrio sem que ninguém entenda, o motivo da risada que surge.
Não sei se você é capaz de imaginar do quanto carrego você, te trago ao meu lado, em cada gesto ou palavra que digo. Em cada canto que estou, está comigo.
Vou a uma festa, onde não conheço a maioria das músicas tocadas, mas em cada uma delas imagino um comentário que você faria se ouvisse, e mais ainda, imagino sua risada. Aquela mais gostosa, que sempre me faz rir do seu sorriso.
De repente começam tocar ‘Hey Jude’, Beatles, ah sim, você se sentiria mais em casa. Por poucos minutos, até eu descobrir que era uma paródia. E já imaginar sua cara.
É querer sua respiração do meu lado, é querer sentir suas mãos mesmo que seja me matando de fazer cócegas.
Querer você é reviver toda a felicidade vivida até aqui.
Estou chegando, pra você.
A rotina se traduz em: acordar e ouvir sua voz, a fuga dos pensamentos atrás de você, sentir falta do abraço, ansiar a presença, trazer você comigo, tudo assim, milimetricamente rotineiro.
Ouço ‘Hey Jude’ na esperança de te trazer ainda mais perto, não que seja a sua preferida, mas por ter te materializado pra mim no momento em que foi cantada.

Estou chegando, me espera.

10 de outubro de 2012

Nostalgia de corroer a alma inteira


Parece inacreditável! Eu estar assim, em um dia que parece como os outros, em que faço a mesma coisa que faço nos outros, em que eu não espero nada de especial como em todos os outros. Uma ideia me sobrevém. Me lembro daquele aplicativo do google, onde vejo imagens por satélite de várias cidades. E me lembro da minha predileta, Divinópolis. Como seu nome me soa doce. Doce e irreal. Passeio pelas ruas da cidade, tento chegar a rua onde morava. Consigo. Olho os ladrilhos no chão. Meus pés tocando são tão reais, parece que foi ontem, hoje à tarde. Vejo o muro do prédio, as pedras parecem tão vivas pela imagem, minhas mãos sentem sua textura. Vejo o portão. Me lembro do barulho que ele fazia, do quanto as escadas até o meu andar eram escuras. Minha porta tinha duas trancas. Na minha época tinha uma academia logo abaixo, hoje parece que uma loja de tecidos. O que não descaracteriza em nada minha rua. Tão absolutamente MINHA. Desco pela avenida principal, me recordo de cada uma dessas lojas, dessas cores, apesar da estaticidade da imagem, ouço o trânsito, as pessoas, os pássaros. Ouço meus passos. Minha respiração aqui, no coração da cidade. Desço algumas ruas... BINGO! Acertei em cheio onde era a casa de uma amiga. A casa-loja da família dela. Me lembro da cor. Está exatamente igual. E como me dói saber, que se eu descer 3 ruas, não vou mais encontrá-la, ou quanto tempo tem que não nos falamos. Ou o fato de volta e meia meu coração e pensamentos se voltarem pra essa cidade, pra essas pessoas, e achar que elas não se lembram nem a metade de mim. Decido ir na faculdade. Apenas na porta. Não posso entrar. Sinto o cheiro das aulas. Das conversas na van, ida e volta pelo caminho. Me lembro da biblioteca imensa, com escadas, e infindáveis livros. Da cantina. Dos gêmeos que estão nos últimos períodos. Da Ana da minha van. Do evangélico safado. Da doida da Elaine. Da estressada da Valquíria. O tarado do Delmir. A professora Sorriso. A amiga especial que me chama de chechelenta, mas que eu guardo um amor imenso por ela. Pelo gatinho da sala, que nunca iria me dar bola mesmo. Do mala inteiramente tatuado. Da sorridente de Carmópolis. Da professora que idolatra a Maria Helena Diniz. Pessoas, sentimentos, coisas tão guardadas, amor tão doado. Quanta coisa aqui ficou. Decido encerrar meu passeio, não posso mais desenterrar as coisas já estão lá embaixo. Uma última ida no meu prédio. Uma última recordação das festas, encrencas, beijo no portão, dos apertos das provas, um último cheiro nos livros, no meu quarto, uma última olhada na vista maravilhosa da minha janela. Puxo a cortina. Fecho a página. Não posso destrancar tudo assim.

22 de janeiro de 2012

O caos

Eu já sabia como iria acordar hoje. Quando meus dois olhos se abrissem, a primeira coisa que viria a minha mente seria a foto que vi ontem. De vocês dois. E quando me olhasse no espelho constataria, devo realmente ter chorado tanto quanto supunha, minhas olheiras estão enormes. Aí o caos se instalaria na minha vida, durante todo o meu dia. Acordei. A foto veio a minha mente. E pensei, talvez se eu não levantasse e continuasse forçando meus olhos a ficarem aqui fechados, eu não sentiria o que sei que vou. Mas aí minha vó vai desconfiar.. Será que ela viria me acordar? Ou após passadas mais de 12 horas que estou trancada nesse quarto, ela ficaria com medo do pior, e chamaria os bombeiros num gesto de extremo desespero? Ou será que ela ia continuar a viver, como se eu nem existisse, e eu ficaria por longos anos aqui deitada assim? Será que meu corpo ia se alimentar da luz que entra por estas frestas na janela? Igual nos livros? Se dá certo nos livros, poderia dar pra mim também. Aí passados longos anos, eu levantaria, e não sentiria o que sei que vou sentir. E quem sabe, minha memória por falta de uso se desajustasse, seria uma boa. Mas não, não vejo futuro na execução de nenhum desses meus planos. No maior ato de bravura que posso imaginar, decido abrir os olhos, lembrar da foto, ver minha olheiras no espelho, e deixar que o caos se instaure então na minha vida, para que o resto do mundo fique a salvo!

5 de novembro de 2011

Devaneio intitulável

Daí que no meu tedioso sábado, já estudei, internetei, arrumei mural, ouvi 1000 cd's, recebi telefonemas, mandei mensagens, fiz resumos, cortei a unha, tirei o esmalte, me meti em prováveis enrrascadas pela minha mania de falar demais, arrumei uma dor na lombar, saí de casa à tarde, passei café, olhei fotos, listei mentalmente tudo que tenho pra fazer amanhã, confirmei uma visita às 16:00, fiquei ansiosa pelo jogo do meu time de amanhã, te vi online no msn o dia inteiro, imaginei que você deveria estar falando todo o tempo com alguém que agora você goste, que nem quando era comigo, desviei meu pensamento, bebi refri, depois lembrei que tenho que fazer alguma promessa pra ficar um tempo sem beber, constatei que meu cabelo precisa urgentemente de uma hidratação, assisti tv, varri meu quarto, vesti aquela blusa de babados que adoro, e aquela bermuda que realça minhas pernas modestamente bem torneadas, fiquei sem sono à noite, me arrependi por não ter combinado nada pra esse sábado, entro no facebook, olho aquele espacinho de digitar um nome pra pesquisa, penso em você, aí descubro que é melhor ir dormir. Antes que seja tarde demais.

17 de outubro de 2011

Nota Mental

É recorrente a decepção, é recorrente a tristeza, é recorrente o vazio que as pessoas me deixam. As pessoas interiores, as um pouco mais isoladas, as que se mantêm a deriva, me parecem mais felizes. Se decepcionam menos, se quebram menos, choram menos. Também devem sorrir um pouco menos, o que é compensado pela ausência de dores. Não sei o porque, mas o ciclo sempre se repete, e repete, e repete.. as dores recorrentes das pessoas que vem e que vão. Que fazem e não pensam, que dizem, que não se importam. Não sei se um dia, eu finalmente vou entender, se eu finalmente vou conseguir simplesmente não me importar. Quero ser uma pessoa mais fechada, quero sentir menos, me importar menos. Mais fácil.

24 de setembro de 2011

Cartas pra você III - Cinco segundos


memorial.: 1. Escrito que relata fatos memoráveis;
Fatos memoráveis, carrego uma porção deles comigo. São muitos, são tantos, que sinto seu peso. Peso este que estou tendo que arrastá-lo comigo, minhas forças já não são suficientes para segurá-los. O que se há de fazer, quando mais uma primavera chega.. e aquela velha sensação continua comigo. As flores que se abrem não carregam o frio que o inverno deixou. As cores que saltitam pela janela não colorem o preto e branco que no meu coração ficou. As borboletas, e beija-flores e joaninhas, e passarinhos procuram outro jardim. Não há lugar pra eles aqui. Aqui, só flores velhas, que em cada uma de suas pétalas carregam os tais fatos memoráveis, e em tantas delas, só o que se vê são aquelas velhas dores. Pesado. Meu corpo está pesado de se carregar, os fatos sobrecarregam todo o resto. Não dá pra se atravessar o caminho assim, canso rápido, canso fácil. Na verdade nem me empolgo. Alguns dias me sinto leve, flutuo muito além. Então penso que a primavera chegou pra mim, que logo as flores novas já vão desabrochar. Mas tem dias que não, sinto todo o velho peso de volta. O seu peso. Parece que seu corpo, aquele que tinha o peso exato sobre o meu ainda está aqui. Parece que sinto sua respiração ofegante no meu ouvido. Tô sentindo sua mão por debaixo da blusa, passeando na minha cintura que era tão sua. Tô olhando pra você, e tentando imaginar o que será que você está pensando. Olho pela janela, pra onde foram as cores da primavera? Só o velho preto-e-branco-de-sempre. Aí vem os benditos fatos memoráveis, e começam me atormentar. Revivo sua risada, seu beijo quente, seu cheiro tão bom. Sofro sua ausência, sua falta, a vontade da presença. Clamo pela chuva, vem depressa, talvez minhas flores precisem se inundar. Me culpo, me atormento, me torturo, apunhalo minhas feridas, deixo minhas antigas cicatrizes em sangue vivo. Penso no que poderia ter feito, no que achava que devia ter feito, no que não deixei por dizer. Em vão. Um segundo depois estou lembrando, o quão lindo seria nosso memorial. O início tão inesperado. A inocência, minhas cartas, seus telefonemas, nossa espera. Relembro das coisas mágicas, o encontro na estrada, minha loucura por você, a primeira vez que ouvi 'te amo'. Está tudo registrado ali, nas velhas flores. Flores murchas, sem tom. Dois segundos depois lembro do fim, das minhas lágrimas, da minha dor. Três segundos depois lembro, que apesar de tudo, daria um bom memorial. Daqueles dignos de filme, de oscar. As borboletas timidamente passeiam. Quatro segundos depois eu lembro do fim trágico. Que você, unica e exclusivamente conseguiu dar pra nossa história. Não sou mesquinha, nem tampouco egoísta, e não estou te julgando. Mas entenda, é difícil pra eu compreender, como alguém pode ter agido, da forma que você agiu, com outro alguém, que nunca te fez nada, a não ser amar você. E a primavera não vem. A chuva não cai. Como eu posso ainda pensar em você, tantas estações já se passaram desde a sua ida. Mas penso esporadicamente. Minha obsessão por você acabou. Passo dias sem lembrar de você, já fazem muitos meses que nem pronuncio o seu nome. Sei lá, dizer seu nome com todas as letras arrepia minha espinha. Hoje foi um dos dias que aqui não fez sol. Ainda que ele tenha me esquentado com mais frequência que a pouco tempo atrás. Eu estou lutando. Tô jurando pra mim que sim. Meu jardim ainda espera a chuva. Espera as flores novas. Espera a presença das borboletas. Preciso que alguém carregue seu corpo, tire ele de cima de mim. Que leve junto essa porção de fatos. Que leve todos. Não deixe nenhum aqui. Isso! Alguém com coragem suficiente que te mate de dentro de mim, que oculte seu cadáver em algum lugar bem longe da minha memória. Que me roube tudo. Que tire tudo de mim. Que me deixe sem nada. Que me bata, quem sabe assim eu acorde desse filme. Quem sabe assim o sol brilhasse todos os dias. Quem sabe assim eu sentiria o que mereço. Passam rápidas as estações e as cores aqui não mudam. Cinco segundos depois continuo aqui, na espreita, à espera do sol forte. Á espera da chuva revigorante. Do desabrochar de flores novinhas e leves. Da presença das borboletas. Da destruição do nosso memorial com seu final indigno. Da fuga perfeita, do seu assassino. Do início da verdadeira primavera dentro de mim.
Inspiração: http://www.youtube.com/watch?v=O8v26s0LuZs

14 de setembro de 2011

Ausência


Eu sei que é bem melhor escrever sobre algo que ainda possuimos, mas fazer o que se a dor que lateja agora é essa. Fomos amigas. Muito amigas, melhores amigas. Não sei em que parte do caminho nos perdemos, não sei que atalho eu tomei, que depois dele nunca mais te encontrei. Porque foi mesmo que paramos de nos falar? Foram as ocupações do dia-a-dia? Foi o passar dos anos, a ausência durante os dias, a falta de telefonemas nos finais de semana? Sabe, tem horas que eu penso que algo deve ter acontecido, algo que eu não saiba. Sei lá. Alguém te falou alguma coisa, me pintaram de preto pra você, ou você simplesmente acordou em um dia em que eu não fazia mais parte da sua memória. Talvez fosse isso. Talvez seja mesmo. Tenho pensado muito em você nos últimos dias. Te vi no ônibus, te olhei pra cumprimentar, mas você não olhou de volta. Ou olhou quando eu não mais olhava, vai saber. E isso me doeu. Que vontade de que você tivesse me visto, tivesse dito que sumi, que tava com saudade, que tinha novidade. Eu sei que você cortou franja, não porque me contou e nem me ligou desesperada falando que não conseguia mais dar jeito nela. Vi suas atualizações no orkut, mas nem tive coragem de sequer abrir sua foto. Não abri, ia ver seu sorriso, e não saberia ao certo o que o motivava. Sei que você namora, mas não sei se ele te faz feliz, se tá aprovado, se é pra casar. Não sei. Não sei, se você se lembra de tudo que eu já passei e te contei, com medo de que você sentisse a dor que eu já senti. Achava que dividiria essa experiência comigo. Seu primeiro namorado, seu pai sistemático, sua mãe ciumenta, como será que tudo está sendo? Nossos aniversários que passam despercebidos por nós. As folhas do calendário que vão sendo retiradas, e nada de palavras. Não te contei das minhas férias, daquele meu caso antigo, do meu novo estágio, dos meus planos. Você não me contou das suas viagens, da sua formatura ano que vem, do que fez de bom no final de semana. Não te liguei o dia que tava triste, não te chamei no msn o dia que tava aflita, e não te esperei no primeiro dia de aula. Hoje li uma carta sua, olhei o porta-retratos que você me deu, com três fotos nossas, e do lado direito escrito em letras branco e lilás: amigas para sempre. Em que parte do caminho você ficou? Me conta, eu volto pra te buscar. Não sei quanto a você, mas eu sinto muito a sua falta.