Art. 5°, IV: é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato. CF/88

21 de agosto de 2011

Deus sabe

Música para ouvir enquanto lê, http://www.youtube.com/watch?v=E0oyglKjbFQLink
Agora é o que me vem a mente. Nosso ponto de partida. Início de madrugada, seu carro parado, suas palavras que ainda ouço: - Deixa eu fazer o que estou com vontade a muito tempo. Foi o primeiro beijo, ainda desajeitado, sabe quando ainda não se acostumou com a pessoa. Você me achou tensa demais, e eu te achei à vontade demais. A claridade das estrelas cortavam o céu. Sei lá, nunca imaginei antes um dia eu e você, não imaginava até um segundo atrás e agora estamos assim, tô deitada no seu peito, você beijou minha testa, e nossas mãos estão entrelaçadas. Fico parada pensando, o mundo dá suas voltas, seus pulos, mas sempre coloca as pessoas certas, uma na história da outra. É melhor eu ir, tá tarde. Beijo de boa noite, desejo de até amanhã, mas ainda é segredo nosso beijo, nosso abraço de despedida. Vou durmir, tô tentando, não consigo, tô sorrindo, gostei. Acordei pensando em você, na noite de ontem, nosso segredo. Mais tarde te encontro, te vejo, as borboletas estão voando estômago a fora. Eu quero te beijar, então beija, todo mundo já viu, e que que tem, minha irmã e seu amigo, e o resto da cidade. E que bom segurar sua mão no meio da multidão, e te olhar olhando pra mim. Passar uma semana inteira com você, te vendo todos os dias, e cada dia que te esperei ir me encontrar, e você com toda a sua pontualidade não deixava espaço pra minha ansiedade. E aquele filme esquisofrênico que você viu comigo, saciando uma de minhas manias, de não parar de ver filme na metade. E todas as mensagens à noite. E sua covinha na bochecha, e suas mãos firmes, e seus fiozinhos de cabelo branco tão charmosos, e seu sorriso lindo. E desejei, tomara que sábado demore a chegar. Mas sábado não me ouviu e veio mesmo assim. Nossa viagem. Você tão concentrado, e aqueles seus três cd's repetindo a toda hora, até que seu gosto é bom, tem pagode, red hot, titãs. Ah é, tocando aquela música que eu timidamente cantava do lado, baixinho. Quem sabe um dia cante alto, quem sabe te escreva a letra dela, ou declame. Quem sabe né. Chegamos na sua casa, bom conhecer seu mundo, sua rotina, seus dias, sua sala, queria fazer parte deles. Chegou minha hora, você me leva, leva minha mala, meu travesseiro, minha sacola e meus pensamentos. Todos pra você. Nos despedimos, beijinho na rodoviária, tchauzinho pela janela, estrada a fora. E agora tô aqui, tô com saudade, tô pensando em você, te escrevendo. Só sei que tô amando recordar você, seu jeito, nossas férias. Quem diria, um dia eu e você. Tô torcendo, pra outro dia, pode ser no seu carro, voltemos pro nosso ponto de partida, e ai farei o que estou com vontade agora, e não ficarei mais tensa, e cantarei pra você, aquela música do Titãs. Quem sabe. Deus sabe.

13 de agosto de 2011

O Dia 'D'


Um dia anterior, eles combinaram por telefone. Ela ouvia atentamente sua voz ainda doce dizendo: amanhã estarei aí. E ela iria esperar. O dia amanheceu nublado, com uns pequenos chuviscos que insistiam em cair. E ela acordou ansiosa. Ansiosa pra poder vê-lo logo, pra poder tocá-lo, coisa que imaginara que demoraria muito a se repetir, se é que um dia viesse a se repetir. Boa peça pregada pelo destino, ela agradecia com seu coração, pequeno e que agora estava apertado a sua espera. Enfim, ele chegou. Tocou a campainha, esperou junto ao portão, aquele que muitas vezes havia sido aberto por ele, da mesma forma como o coração dela se encontrava sempre aberto à ele. E ela abriu a porta, e olhou-o a sua espera. De jeans, camisa branca, da forma mais simples e incrível possível. Seu olhar entrou em festa ao vislumbrá-lo. Seu coração então nem se fala, se alegrou novamente. Suas mãos transpiraram, por quase não acreditar que estava vendo-o novamente. Caminhou timidamente até ele, o amor às vezes a deixava estupefada! Chamou pra entrar em sua casa, e esperava que entrasse novamente em seu coração, o que ela até aquele momento achava coisa possível. Conversas descontraídas, mãos ainda tímidas, sem beijos até aquele momento, tudo parecia tão retrógrado, parecia tão passado, parecia tudo ter voltado. O almoço juntos como antes, ela degustava a comida, enquanto apreciava seu sabor, mantinha seus olhos fixos à ele, não podia acreditar em tamanha felicidade, o ter ali novamente. Seu coração a cada momento agradecia a Deus, por ter trago ele mais uma vez. A tarde passou, os beijos e abraços e silêncios de antes, de sempre. Ela se sentia plena, a felicidade mal cabia em seu ser. Ele quis cochilar em seu colo, e ela assentiu. Enquanto ele dormia, ela acariciava seus cabelos, seus dedos maciamente passavam por cada mecha, sentia aquela textura, o perfume era o mesmo. Ela passava suavemente suas mãos por seu peito, que inflava com sua respiração lenta. Ela encostava seu rosto no dele, e sentia pertinho sua respiração, sentia seu sopro de vida, e só o que seu coração fazia era agradecer. Era o melhor momento da sua vida, seu grande amor ali, em seus braços de forma desprotegida, querendo colo, sono, sonho. E ela clamou: Deus, eterniza esse momento. Deus, não deixe que acabe. Deus, Deus, Deus.. e as lágrimas emergiram de seus olhos, no momento em que começou tocar, no som vindo dos fundos da casa, uma música que traduzia exatamente as pulsações do seu coração: " o amor deixa marcas que não dá pra apagar.. cabeça doida, coração na mão, desejo pegando fogo.. uma coisa fique certa amor, a porta vai estar sempre aberta amor, meu olhar vai dar uma festa amor, na hora que você chegar..". Deus ouvia suas suplicas, e soprava através da sua alma: é a última vez. Ela teve essa certeza, como nunca antes. Estava passando e iria terminar. Ele acordou do seu sono, e ela respirava amor, exalava felicidade; sabia que acabaria, mas estava plena. Eles assistiram filme juntos. Filme esse, que ela teve que assistir sozinha depois, porque não houve a menor concentração, pois ela não conseguia se concentrar em mais nada que não fosse nele, na sua presença tão querida, tão desejada, no calor transmitido pelo cobertor que dividiam. Aquele dia foi um dia frio. Foram durmir, separados. Assim como deveria ser; e ela acordou na madrugada. Seu coração a despertou, era a última vez, tinha de vê-lo denovo, antes do amanhecer. E foi para seu quarto, de madrugada, nas pontas dos pés, com o coração na mão de medo, com o estômago totalmente retraído, e com muita adrenalina correndo por suas veias. E o acordou. Frio, medo, e muita vontade se misturavam em sua corrente sanguínea, mas o que dominava sua alma apenas, era a vontade de fazer amor. A última vez, já que assim deveria ser. E fizeram. Com todo o medo que lhes cercava, todo o perigo e receio, se amaram na madrugada. Se amaram a última vez. Então amanheceu, e a hora dele partir se aproximava, cada minuto voou como se segundo fosse. Estava chegando ao fim. Foram para a rodoviária e enquanto ele não desgrudava seus olhos da largada de F1 que passava na tv do bar, ela não desgrudava seus olhos dele. Deus havia sussurrado pra ela, vai acabar. E estava bem no fim. Não havia o que fazer, não tinha maneira de se prender. Seu ônibus chegou, e ele finalmente partiu, a última vez. Deu um selinho nela. E ela desejou que fosse com Deus. Ele entrou no ônibus e se foi. Ela virou-se e voltou pra sua casa, com seu peito dilacerado. Seu amor tinha ido embora para sempre, ainda que ela viria a constatar isso dias depois. Mas foi feliz, na parte que lhe coube. E agradeceu feliz durante toda a semana seguinte, que durmiu abraçada com o travesseiro que ele havia durmido, sentindo seu cheiro, e relembrando sua última noite, a noite de amor.

11 de agosto de 2011

Resenha

Resenha: por achar que isso não merece um texto. Não merece um esforço. Não merece. Agora eu entendo o porque de se interromper o processo ao meio, o receio de se chegar ao fim definitivo, ao fundo. Perdemos a chance de terminar nossa história de maneira digna. Perdemos a chance de poder lembrar das coisas que nos aconteceram, e sorrir.. com aquele sorriso tímido, sorriso de alma, sorriso de saudade. Perdemos. Perdemos a chance de poder contar sem mágoas, sem calos no coração, sem sangrar as cicatrizes de um namoro que um dia tivemos. Namoro de portão, de beijo no sofá, de abraço tímido. Perdemos. Perdi a chance de guardar comigo a história de um amor de verdade, de distância, de luta, de entrega, e principalmente de muito amor, tanto amor que chegou a doer. Perdemos tudo. Perdi a história, perdi as lembranças, perdi a saudade. Nós nos perdemos pra sempre.

5 de agosto de 2011

Fogo e Gasolina

Pedra Azul, 08 de julho de 2011.

É uma combinação química perfeita, explosiva e quente, muito quente. Essa combustão talvez seja mesmo nossa melhor definição. Dois elementos, distintos, que quando juntos sofrem a reação mais esperada, a inevitável, a gloriosa. E é instântaneo, inevitável e momentâneo. Momentâneo sim! Talvez essa combinação não tenha mesmo sido criada com o condão de 'ad eterno'. Você acende a minha escuridão, e no momento da chama estamos vivos, estamos plenos, um dentro do outro. Eu sei que falei aos quatro ventos que não o queria nem pintado de ouro, que não queria mais ver a sua cor, a sua chama, que não, que não, que não... Mas basta um mínimo gesto de aproximação, basta que algum dos meus sentidos capte a sua chegada, que perco o tino, que renuncio as minhas promessas, que engulo a seco de volta as palavras que havia jogado aos quatro ventos. Engulo. Uma a uma. E então o querer me toma por completo. O querer você. Querer muito. Aí eu me entrego, aí eu me perco e me perco com paixão, mais uma vez pra você. Eu sei que não posso fugir. Esse magnetísmo é incontrolável. Essa combinação é inegável. Só sei que te desejo, te desejo, te desejo... em cada segundo do meu dia, em todas as horas dos meus sonhos. Cada centímetro do meu corpo, deseja o centímetro do seu correspondente. Sei que minha boca clama pela sua. Sei que meu corpo anseia por suas mãos. Sei que minha alma te deseja plenamente, deseja que seu calor entre no meu corpo e faça morada. Não sei se é o certo, e não sei até quando. Só o que sei é querer você, querer você, querer você. E tô incendiando!