Art. 5°, IV: é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato. CF/88

28 de dezembro de 2010

É mais um nostálgico

Eram 10:10 da manhã, ainda que estivesse em Araxá, Rio de Janeiro ou Porto de Galinhas, eu sentiria o que estava sentindo naquele momento. Eu sabia que pegaria aquele ônibus, que por sinal estava atrasado alguns minutos. Mas ele não me levaria onde gostaria de estar, não me levaria a quem gostaria de rever. Não sabia se voltaria ali. E ainda não sei se voltarei. Cheguei onde deveria chegar, vi que deveria rever. As cores vibrantes que saltavam aos meus olhos fugiram daqui. O cheiro que alegrava meu olfato como nenhum outro, evaporou no ar. Desci, é.. estou aqui. O que foi feito dos sorrisos abertos, dos abraços aquecidos, das palavras acertadas, do aconchego percebido? Para onde foram minha paz, meu descanso, minha sensação de lar e encontro da minha alma? Meus sentimentos estão perdidos, procuro e não os encontro em lugar algum. Saudade é o que sinto agora, como nunca antes. Sou ingrata e ingênua, por não me satisfazer pelo que tive, e por acreditar que não acabaria. Aquele ônibus deveria sim, ter me levado ao tempo passado, ao que jaz, para eu ter tido ao menos a chance de despedida, de aproveito, de ter dito um "ate breve" carregado de dor, por saber que o verbo não viveria, não chegaria a nascer. Que ingrata não agradecer sol a sol, a felicidade que tanto encontrou, que se doou sem cobrar nada em troca. Que ingrata não ter acreditado que tudo era privilégio. Que ingrata nunca ter agradecido. Que ingênua apostar que seria eterno. Que ingênua não ter dado crédito algum ao fim, pois ele mostrou que sempre vem. Que ingênua acreditar que as cores seriam as mesmas, que o cheiro permaneceria intacto, que o abraço nunca seria negado. Aqui estou agora, até quando não sei. Quando tiver que pegar o ônibus de volta, não sei aonde ele irá me levar. Não sei a que estação descerei, se pudesse pedir imploraria para que ele me levasse onde jamais poderei voltar. Meu palpite é que não serei atendida, descerei numa nova estação para poder recomeçar. E dessa vez, agradecer.

Nenhum comentário:

Postar um comentário