Eram 10:10 da manhã, ainda que estivesse em Araxá, Rio de Janeiro ou Porto de Galinhas, eu sentiria o que estava sentindo naquele momento. Eu sabia que pegaria aquele ônibus, que por sinal estava atrasado alguns minutos. Mas ele não me levaria onde gostaria de estar, não me levaria a quem gostaria de rever. Não sabia se voltaria ali. E ainda não sei se voltarei. Cheguei onde deveria chegar, vi que deveria rever. As cores vibrantes que saltavam aos meus olhos fugiram daqui. O cheiro que alegrava meu olfato como nenhum outro, evaporou no ar. Desci, é.. estou aqui. O que foi feito dos sorrisos abertos, dos abraços aquecidos, das palavras acertadas, do aconchego percebido? Para onde foram minha paz, meu descanso, minha sensação de lar e encontro da minha alma? Meus sentimentos estão perdidos, procuro e não os encontro em lugar algum. Saudade é o que sinto agora, como nunca antes. Sou ingrata e ingênua, por não me satisfazer pelo que tive, e por acreditar que não acabaria. Aquele ônibus deveria sim, ter me levado ao tempo passado, ao que jaz, para eu ter tido ao menos a chance de despedida, de aproveito, de ter dito um "ate breve" carregado de dor, por saber que o verbo não viveria, não chegaria a nascer. Que ingrata não agradecer sol a sol, a felicidade que tanto encontrou, que se doou sem cobrar nada em troca. Que ingrata não ter acreditado que tudo era privilégio. Que ingrata nunca ter agradecido. Que ingênua apostar que seria eterno. Que ingênua não ter dado crédito algum ao fim, pois ele mostrou que sempre vem. Que ingênua acreditar que as cores seriam as mesmas, que o cheiro permaneceria intacto, que o abraço nunca seria negado. Aqui estou agora, até quando não sei. Quando tiver que pegar o ônibus de volta, não sei aonde ele irá me levar. Não sei a que estação descerei, se pudesse pedir imploraria para que ele me levasse onde jamais poderei voltar. Meu palpite é que não serei atendida, descerei numa nova estação para poder recomeçar. E dessa vez, agradecer.
Art. 5°, IV: é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato. CF/88
28 de dezembro de 2010
3 de dezembro de 2010
Mulheres!
Vamos para a biblioteca estudar! Sentamos numa mesa, livros, código penal e concentração. Mas algo desvia meu foco, ou melhor alguém. Do outro lado avisto um moço, cara de nerd, cabelos pretos, óculos, testa franzida, lendo uma revista todo concentrado. Nerds nunca foram meu tipo preferido, mas esse.. Acho que já o vi na sala do primeiro período, nossa é meu calouro! E se a gente conversasse, e descobrisse que temos tudo em comum. O mesmo curso, as mesmas ideologias, o mesmo gosto por chuva, programas de tv, quem sabe o signo é o mesmo? Ahhh, queremos o mesmo número de filhos, um casal! Ana Luiza e Davi. Ou Ana Luiza e Miguel. Aos domingos ele vai molhar as plantas enquanto eu vou passear com nosso labrador. E as férias em família serão intercaladas entre praia e montanhas no sul. Comemoraremos nossas bodas de prata em Porto Seguro, Fernando de Noronha ou quem sabe no Acre. Nossa casa será laranja, como o amanhecer. Iremos na copa do mundo na Rússia, acamparemos na Serra da Canastra e envelheceremos juntos. Nos surpreenderemos ao descobrir, o quanto em comum temos, o quanto juntos poderemos ser. - MAYARA! - oi? - Vamos começar estudando o capítulo 02? - Oh sim, qual é mesmo a página?!
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