Art. 5°, IV: é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato. CF/88

26 de setembro de 2010

Dossiê de Alice


Alice, Alice. Mulher, menina que não quis crescer. Quente nos sentimentos, frio pra demonstrar. Chuva, faz das gotas tempestade. Alegria encarnada, drama e exagero. Quando diz que ama, ama. Quer abraçar o mundo, amar loucamente, viver em vários lugares ao mesmo tempo. Quer adrenalina, lágrima, frio na barriga todo o tempo. Deseja voar, brincar, sonhar. Encara a vida como um carrossel, alto, baixo, gira. Seu país de maravilhas, comandado por seus sentimentos e desejos mais secretos. BEBA-ME, sem medo. Não Alice, NÃO! E então ela mergulha, no mundo inexplorado, sentimentos e situações, mistério e medo. O coelho branco passa pressa, seu tempo está passando Alice. -Estou atrasado! Estou atrasado! E ela quer fazer tudo o que pode, em curto espaço de tempo. Não quer sair do seu país, o país das maravilhas, não quer crescer. Crescer não dói, querida Alice. Encontre a chave, faça a travessia, volte para o mundo. Alice quer ficar, acha que o tempo não passou nem pro coelho branco. Passou, mudou, acabou. Vai, voe, feche a porta e tranque-a bem. Seu país de maravilhas vai te esperar pra quando puder voltar. Me encontrei, Alice sou eu.

10 de setembro de 2010

Um crime sem suspeito

Passo na rua, multidão. Policiais, um corpo. Ninguém sabe ao certo quem é, e nem qual a causa da morte. Não há indícios, nem suspeitos, apenas a consumação de um crime. Todos estão perplexos com tamanha maldade. Quem teria sido capaz? Como teria acontecido? Porquê? A instauração de um inquérito policial poderia ser o bastante para responder. Mas não é. Um crime perfeito, disseram os especialistas. Um plano e execução ideais. Decido me aproximar em meio à multidão, e para a minha surpresa.. ali no chão estava você: minha saudade.

7 de setembro de 2010

Seis de setembro.

Você não é meu dia definitivamente. Setembro já se iniciou, após agosto e seus ventos. Esse ano pensava eu a sorte ter mudado. Estava tudo tão diferente nessa mesma data, há dois anos atrás. Naquele velho seis de setembro o mundo desabou sobre mim, mesmo já prevendo o que estava por vir. O pior veio, talvez não da pior maneira, mas veio. Meus sonhos desfeitos, meus sentimentos jogados ao léu. Dois anos. Pensei de verdade que seria diferente, e estava mesmo sendo diferente. Agora era eu quem dava as cartas, estava por cima, feliz. Tinha tudo nas minhas mãos, a escolha estava comigo. Sem saber ao certo onde ir, com quem ir, decidi pelo novo, o que estava se fortalecendo. Mas o que o destino me reservava, seria algo comparável ao antigo seis de setembro. Porque teve que ser assim? Porque você guardou isso por tanto tempo só pra você? Como você pode. Eu preferi você, eu escolhi você. Aquele 'sim' me soou dor, forte, desabou. Me senti traida, enganada, a última pessoa. E sei que não sou, me esforcei por tudo aquilo, mas tudo fugiu ao controle. Absolutamente. O que estava fazendo ali, com aquelas pessoas. Esse não é meu lugar. Essa não sou eu. Mas a dor me retomou a consciência, me acordou pra quem fui, quem sou, dos meus limites. Foi aprendizado, duro eu sei, mas aprendi. Foi tudo em seis de setembro, fim do desgosto. Que fique tudo pra trás, junto com os ventos de agosto.