Art. 5°, IV: é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato. CF/88

18 de janeiro de 2011

Honestamente

Abro a minha agenda aleatoriamente, e o que me aparece é a página daquele dia distante que quis esquecer. Está anotado no dia 6 de setembro, e não, você não se lembra por que nada parece te marcar, você é inatingível. Mania irritante a minha, de querer sempre guardar tudo. Mas hoje o que senti quando olhei, foi algo que nunca antes havia sentido. E não me peça explicações, você mais que ninguém sabe o quanto sou péssima com palavras. E nem se quisesse conseguiria te dar a dimensão exata. É como um furacão aqui dentro, misturando tudo e trazendo à tona; ou uma daquelas máquinas de aparar grama, que vai cortando aos poucos e ajeitando todo o campo, para que ele volte a ser como deve ser, uniforme, reto, verde. Eu sinceramente não sei o que me aconteceu todos esses anos. Sinceramente não sei o que manteve esse amor vivo, vivo e sozinho, aqui no meu peito. Honestamente. É, estou eu aqui mais uma das incontáveis vezes que me descubro com algum sentimento despertando em relação a você, e ai me vem a inspiração para tal. Inspiração que só vem de você, engraçado... talvez seja por isso que só escrevo sobre o fim. Você é indecifrável pra mim, e quanto mais o tempo passa, menos te conheço. Algum dia te conheci? Verdadeiramente? Pouco importa... as malas estão prontas. O que quero mesmo é entrar em algum táxi, o primeiro que passar e ir pra longe. Não importa pra onde. Só quero ir, e dessa vez.. não quero mais voltar. Eu sei que posso ter dito isso milhões de vezes, fiz promessas a mim mesma, ter ido e voltado. Mas essa vez será definitiva. Sem despedidas. Descobri que elas não servem para mais nada, a não ser fazer com que a pessoa fique. Nem que seja um pouco mais. Quem pede o último abraço, no fundo não quer mais soltar. Quem pede o último beijo, no fundo quer que o tempo pare ou o mundo acabe bem ali. E quer saber, já fiquei demais, além das horas. Peço perdão aos séculos, por ter feito com que eles durassem além. O que eu pensava? Ou o que pretendia? E não, não tente me impedir, fique aí com sua intangibilidade. Ou seria sua auto-suficiência? Você não precisa de mim, e muito menos eu de você. Não se preocupe com meus planos, já os rasguei. Não se preocupe com o amor, ele acabou. Não se preocupe com os detalhes de cada momento, descobri que não tê-los é o melhor. De que eles me servem, quando desejo as surpresas. Estou descendo as escadas. Não venha atrás de mim, não finja mais. Deixe - me fazer isto sozinha. É; exatamente como um aparador de grama. Estou voltando a ser o campo. E não se preocupe, não levo nada que te pertença, tudo o que era seu continuará guardado exatamente onde você deixou. O que resta dos meus sentimentos estão ficando também. Paro na avenida, vejo as pessoas, o movimento rápido do trânsito. Pressa. Preciso ir. Sem despedidas, se lembra? Elas são inúteis. Lembre-se do nosso último dia juntos, aquele em que quis te chamar de amor, meu amor, mas tive medo. Aquele em que eu desejei mais do que nunca antes, ter ouvido que me amava. Mas você não disse, justamente por que não sente. Sua sinceridade sempre foi admirável. Não sei se eu me apego aos detalhes como você diz, ou se simplesmente foi como deveria ser. É. Foi sim. O destino conspirou de tal forma, inacreditável para que acontecesse. É amor, consumamos o fim. E agora te chamo da forma que queria, longe de seus ouvidos. O fim não dói, é o que posso atestar. O que dói é o caminho até ele. E quer saber?! Amei amar você. Amei lutar contra a minha razão. Amava a forma como você me despertava loucura, adrenalina. Mas já fui além da conta. - TÁÁÁXI! - Pra onde moça? - Pra longe.. Sem despedidas.